terça-feira, 18 de junho de 2013

Qual a motivação de protestar?

por Pablo Braga

Alguns de nós, silenciosamente ou não, ainda devem estar se perguntando: qual é o motivo do protesto? Pra quê sair às ruas, quando há outros meios de se apresentar propostas, querer mudanças? Porque não fazer o "sofátivismo" ao invés de bradar pelas ruas das cidades?


Tradução: "Clique aqui para salvar o mundo!"


A resposta é simples e complexa ao mesmo tempo. À primeira vista, já podemos ver que a primeira explosão de manifestações teve um motivo extremamente nobre: o transporte público precário e caro aos bolsos dos usuários. Mas o povo quer mais. A motivação não é só essa.

Mesmo que tenha sido em cima da hora, o povo começou a sentir a pancada que foi a construção de estádios monumentais com dinheiro público. Pela primeira vez, ninguém quer saber de futebol. E então o protesto ganha mais motivação: saúde pública péssima, educação fraquíssima, identidade nacional inexpressiva, por causa da cultura do "tchu-tchá" espalhada pelo país. Entre outras várias coisas que eu poderia dizer aqui. Mas quero ir direto ao ponto.

Aí eu te pergunto: será mesmo que você ainda acha que o protesto é sem fundamentos?
Será mesmo que você não tem nada a dizer?
Será mesmo que você tem fé em abaixo-assinado, carta de reivindicações, papéis que são guardados nas gavetas dos gabinetes pra nunca mais serem lidos?

Agora é hora de correr atrás. Temos tudo nas mãos pra mostrar que o povo tem poder. Esse pode ser um momento decisivo pro futuro do nosso país, e pros nossos filhos, a próxima geração. #VemPraRua!


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Uma Pátria que Desperta

por Laura Guimarães


UFA! A sensação de alívio que tenho experimentado nos últimos dias não poderia ser melhor. Cheguei, tristemente, a crer que haviam se extinguido os tempos das multidões que vão à luta e das gerações que protagonizam os livros de história, que orgulham e invejam seus descendentes.

Claro, ainda é cedo para profetizar sobre qualquer mudança expressiva, mas, otimista que sou me permito acreditar que, finalmente, os jovens compatriotas pararam de reclamar sobre o preço do tomate no Facebook e de se lamentar pelo estado piedoso e há muito conhecido do nosso país para, de fato, tomarem uma atitude palpável.

Acordaram. Tomaram as ruas. Partindo de São Paulo, seguindo para as demais capitais e agora se alastrando para o interior, uma forte onda de protestos (e realismo) tomou conta dessa terra, que sabemos agora, só parece ser, mas não é de ninguém.  Seus donos cresceram e a reivindicam em bom estado.

Por mais variados que sejam os motivos e estopins para tal todos eles são dignos, e, sinceramente, pouco importam nesse primeiro plano. O fato dos brasileiros se mobilizarem a favor de um bem comum já é inusitado e merece aplausos. É a primeira vez, nos meus, admito, poucos anos de vida que me sinto orgulhosa do meu país e do meu povo.

Que esta seja a fagulha necessária para despertar o senso crítico dessa nova gênese, que só agora mostrou a que veio.  A primeira de muitas lutas que precisarão ser compradas, de modo que limpemos nosso Estado atual de toda essa falta de lei e respeito.  A primeira batalha de uma guerra que tem como maior objetivo conquistar o país melhor que temos a capacidade de construir e o direito de viver.



Cada brasileiro deve sentir-se parte dessa enorme causa, porque, de fato, o é. E mais que sentir, precisa também ir à luta, sair às ruas e fazer a mudança a acontecer.  O momento dos falsos moralismos e do pudor abole-se. Palavras pouco significam se carecem atitudes.  Esse é só o primeiro raiar da revolução! É tempo de agir. Antes tarde do que nunca. 

Gigantes pela própria natureza!

por Bruno David

Vem pra rua, porque a rua é o maior púlpito do Brasil!


Indignação. Em resumidas contas, é isso o que move o povo brasileiro à se colocar nas ruas e lutar pelos seus direitos.  É bom ver que algumas sementes daqueles antigos sentimentos que moveram outras gerações nas Diretas Já e no impeachment de Collor, por exemplo, ainda são fecundas e brotaram do solo de nossa Terra, Mãe-Gentil. Regados pela força da juventude de nosso país, estamos acordando depois de um longo sono em berço esplêndido ao som dos desmandos que se pode ouvir lá do planalto central.

Aumento dos transportes públicos (de má qualidade), saúde precária, educação ineficaz ou inexistente, bolsa-dependência do governo, inflação que começa a nos assustar novamente, e estádios que fazem dos cofres públicos um chafariz de oportunidades para os que se esquecem das reais necessidades do povo e vendem uma imagem cheia de carnaval, samba e futebol para os que vem de fora.

Essa é a nossa realidade. Estádios cheios, cabeças vazias. Barrigas cheias (milagre das esmolas), e cidadãos compráveis, manipuláveis. A bola rola, e o dinheiro escorre. A torcida grita gol, e os condenados de Mensalão estão por aí, livres e juntos neste mesmo grito de gol. As filas para entrar nos estádios estão imensas, mas e as filas dos hospitais? Mas e a remuneração dos professores? Mas e os postos de saúde? Mas e as iniciativas culturais? Mas e a emancipação intelectual do nosso povo? Mas quando vamos ensinar a pescar e deixar de dar o peixe que pode facilmente ser trocado por uma calça jeans de trezentos reais?

O fato é que estamos na rua, por nós e pelos demais! Estamos nas ruas por todos que se sentem na obrigação de serem A MUDANÇA QUE QUEREMOS VER. Estamos na rua, porque não nos interessa as Copas e Olimpíadas. Estamos na rua porque nos interessa um futuro melhor. Estamos na rua porque nos interessa um futuro que hoje não podemos vislumbrar!

Estamos na rua, por um presente que nos faz sentir vergonha. Vergonha, até mesmo, por termos deixado tudo isso ter chegado ao ponto que chegou. Mas sempre é tempo, e COMEÇAMOS. Vencemos a preguiça e a procrastinação do jeitinho brasileiro de ser. Ganhamos as ruas, e mesmo com bombas, tiros e pancadaria, SOMOS UMA SÓ VOZ que não foge à luta e que segue em frente.